Era o cemitério mais mórbido e pomposo da cidade. O céu estava plúmbeo e poucos seres vivos incomodavam o silêncio. Lá se enterravam famílias tradicionais e a elite falida. Existiam muitos mausoléus, jazigos perpétuos e lápides suntuosas. Uma, em especial, chamou a atenção de Dona Salustiana. Laje tumular de granito, um anjo negro, o dedo em riste. Aos seus pés, uma criatura a suplicar por perdão. Assombrosamente hipnótica. Um Deus repressor, o mesmo que Dona Salu temia e adorava, estava ali, funesto, estático. O cortejo seguiu, mas a imagem alojou-se nas reminiscências da velha. Ela mirou a estátua por mais três vezes.
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